A infertilidade secundária está longe de ser uma experiência incomum. Nos EUA, cerca de 1 em cada 5 mulheres com idades entre 15 e 49 anos que nunca deram à luz anteriormente não conseguem engravidar após um ano de tentativas. No entanto, a infertilidade não se limita às pessoas que nunca engravidaram. Cerca de 6% das mulheres nesta faixa etária com um ou mais partos anteriores não conseguem engravidar novamente após um ano e 14% têm dificuldade em engravidar ou levar a gravidez até o fim.
Conhecida como infertilidade secundária, este fenômeno é compreensivelmente angustiante e confuso, uma vez que a mulher já concebeu anteriormente. É sobre ele que vamos falar. Infertilidade secundária: o que pode causá-la e quais tratamentos estão disponíveis
O que é infertilidade?
A infertilidade é classicamente definida como a ausência de gravidez após um ano de relações sexuais desprotegidas. No entanto, as mulheres com 35 anos ou mais devem procurar avaliação médica especializada após seis meses devido ao declínio da fertilidade com a idade.
O que é infertilidade secundária?
“A infertilidade secundária ocorre quando alguém que já teve filhos não está conseguindo engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas. Este é um dos dois tipos de infertilidade. O outro tipo de infertilidade, a primária, ocorre quando a pessoa que não consegue engravidar nunca teve um filho nascido vivo anteriormente”, explica a especialista em Reprodução Humana, Ana Elisabete Dutra, diretora da Ciclos Medicina Reprodutiva.
O que causa a infertilidade secundária?
Quase todas as causas de infertilidade podem ser primárias e secundárias.
Disfunção Ovulatória
A disfunção ovulatória, ou a não ocorrência de ovulação, é a principal causa de infertilidade em mulheres. Existem vários motivos pelos quais uma mulher pode não ovular, incluindo:
- Insuficiência ovariana prematura (IOP);
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- Distúrbios endócrinos, como doenças da tireoide ou problemas no hipotálamo;
- Estilo de vida e fatores ambientais, bem como envelhecimento, que leva à diminuição do número de óvulos.
Fatores masculinos
Problemas no sistema reprodutor masculino também podem levar a desafios de concepção. Fatores comuns masculinos incluem varicocele, problemas na ejaculação do sêmen, disfunção sexual. Os homens podem apresentar alterações no espermograma com baixa concentração ou ausência de espermatozoides ou espermatozoides com formato irregular ou com movimentos irregulares.
Alterações anatômicas uterinas
Problemas estruturais do útero como miomatose, pólipos endometriais, malformações uterinas podem dificultar a ocorrência de gestação de forma natural.
Alterações nas tubas uterinas
Aderências pélvicas e obstrução das tubas uterinas também podem levar a problemas de fertilidade, tanto primários quanto secundários. São exemplos: endometriose, cirurgias pélvicas prévias, infecção pélvica. “O fator tubário dificulta o encontro dos gametas, impedindo a ocorrência da gestação de forma natural”, diz a diretora da Ciclos Medicina Reprodutiva.
Complicações de gestações anteriores
Se houve complicações em uma gravidez anterior, isso pode criar obstáculos para engravidar novamente no futuro. Por exemplo, uma mulher que sofreu perda significativa de sangue durante o parto pode estar em risco de ter alguns problemas hormonais que podem afetar a sua fertilidade.
Idade
Aqueles que sofrem de infertilidade secundária tendem a ser um pouco mais velhos do que aqueles que têm infertilidade primária. Vemos mais contribuições que a idade tem sobre a fertilidade nos casos de infertilidade secundária.
“À medida que a mulher envelhece, geralmente fica mais difícil conceber. Em casais saudáveis na faixa dos 20 e 30 anos, 1 em cada 4 mulheres conceberá em um ciclo menstrual, mas esse número cai para 1 em 10 mulheres aos 40 anos”, conta Ana Elisabete Dutra.
Fatores de estilo de vida
Fatores do ambiente e de estilo de vida também podem afetar a capacidade de engravidar. Mais especificamente os seguintes fatores podem desempenhar um papel na infertilidade secundária, especialmente se algum deles tiver mudado desde a gravidez anterior:
- Fumar;
- Consumo excessivo de álcool;
- Obesidade ou ganho de peso significativo;
- Exposição a poluentes e toxinas ambientais;
- Certos medicamentos;
- Uma mudança na saúde geral.
Infertilidade inexplicável
Não é incomum ter problemas de fertilidade sem causa detectável. Na verdade, de acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, cerca de 5% a 10% dos casais que estão tentando engravidar recebem resultados normais em todos os testes, não produzindo nenhuma explicação discernível para a sua luta para engravidar. “É muito perturbador não ter um motivo concreto para apontar, mas mesmo sem motivo aparente é possível oferecer tratamento”, destaca a diretora da Ciclos Medicina Reprodutiva.
Quais são os fatores de risco para infertilidade secundária?
Conforme evidenciado pelas causas potenciais, os fatores de risco para infertilidade secundária são amplos. Eles podem incluir:
- Complicações com parto anterior;
- Infecções ou cirurgias pélvicas;
- Idade avançada;
- Ganho de peso;
- Mudanças no estilo de vida, como uso excessivo de álcool ou tabagismo.
Embora alguns destes fatores possam estar fora do controle do indivíduo, existem algumas medidas que as pessoas podem tomar para tentar mitigar o risco de sofrer de infertilidade secundária.
“Acho que se conscientizar e ser proativo é muito importante, especialmente em relação à passagem do tempo. As pessoas podem considerar o congelamento de óvulos ou embriões, principalmente se souberem que desejam ter uma família numerosa. Dieta e exercícios também são importantes. Quem está tentando engravidar precisa ser preocupado com a saúde, precisa adotar uma dieta e um estilo de vida tão saudáveis quanto possível”, recomenda Ana Elisabete Dutra.
Quais são os tratamentos para a infertilidade secundária?
Os tratamentos para a infertilidade secundária são os mesmos disponíveis para a infertilidade primária. Eles incluem:
- Medicamentos: podem ajudar a estimular a ovulação;
- Inseminação intrauterina (IIU): procedimento no qual o sêmen preparado é colocado dentro do útero através de um cateter;
- Fertilização in vitro (FIV): um tipo de tecnologia de reprodução assistida em que os óvulos são colhidos e fertilizados com espermatozoide e, em seguida, o embrião é colocado no útero;
- Injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI): procedimento no qual um único espermatozoide é injetado diretamente em cada óvulo colhido e, em seguida, esse embrião é transferido para o útero;
- Tecnologia de reprodução assistida envolvendo material genético de terceiros: outra opção é o casal usar óvulos, espermatozoides ou embriões de doadores ou obter um útero de substituição.