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A endometriose está associada a uma redução na fertilidade, antes do diagnóstico da doença, aponta um novo estudo publicado no Human Reproduction, uma das principais revistas de medicina reprodutiva do mundo.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram as taxas de natalidade num grande grupo de mulheres que fizeram cirurgias para tratar a condição na Finlândia. E descobriram que o número de bebês nascidos vivos no período anterior ao diagnóstico da doença era metade do número de mulheres sem a condição dolorosa. Isto acontecia independentemente do tipo de endometriose que as mulheres apresentavam: ovariana, peritoneal, profunda ou outros tipos.

 Além disso, os cientistas encontraram evidências de que o número de bebês que as mulheres tiveram antes do diagnóstico de endometriose era significativamente reduzido em comparação com mulheres que não tinham a doença.

 As descobertas sugerem que os ginecologistas que atendem mulheres que sofrem com menstruações dolorosas e dores pélvicas crônicas devem ter em mente a possibilidade do diagnóstico da doença para tratá-las de forma eficaz. “Esses profissionais devem discutir com suas pacientes os possíveis efeitos desta doença na fertilidade, além dos efeitos da idade, no que se refere ao comprometimento da fertilidade. Esses esforços visam minimizar e oferecer tratamento relevante e sem demora para a endometriose”, afirma a especialista em Reprodução Humana, Ana Elisabete Dutra, diretora da Ciclos Medicina Reprodutiva.

 O que já sabemos 

A doença é uma condição inflamatória crônica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil. Ela se caracteriza pelo crescimento do tecido de revestimento interno do útero em outros lugares, como nas tubas uterinas e nos ovários.
Os sintomas típicos incluem menstruação dolorosa, dor na região pélvica, relações sexuais dolorosas e dificuldade para engravidar. O diagnóstico correto costuma demorar cerca de sete anos. 

A cirurgia tem sido considerada tradicionalmente o “padrão ouro” para diagnosticar a doença e classificar o tipo de endometriose, embora o diagnóstico por achados de imagem ou apenas pelos sintomas seja atualmente aceito.

“Até pouco tempo atrás, havia pouca informação sobre a taxa de natalidade entre mulheres com a doença, e pouco se sabia sobre os possíveis efeitos dos diferentes tipos de endometriose na fertilidade, especialmente nos anos anteriores ao diagnóstico”, diz a diretora da Ciclos Medicina Reprodutiva.

Dada a natureza crônica da doença e o longo atraso típico no diagnóstico, os pesquisadores desejavam descobrir se havia diferenças nas taxas nascimento antes do diagnóstico num grande grupo de mulheres.

Para isso, eles analisaram os registros de 18.324 mulheres na Finlândia, com idades entre 15 e 49 anos, que fizeram uma cirurgia de endometriose entre 1998 e 2012. E os compararam com os de 35.793 mulheres de idades semelhantes que não tinham o diagnóstico da doença.

O período de acompanhamento se iniciou aos 15 anos e perdurou até o primeiro nascimento vivo, esterilização, retirada dos ovários ou útero ou até o diagnóstico cirúrgico da condição, o que ocorresse primeiro. O grupo de mulheres com endometriose também foi dividido em quatro grupos de acordo com o tipo.

O tempo médio (médio) de acompanhamento antes do diagnóstico cirúrgico foi de 15,2 anos. A idade média das mulheres no momento do diagnóstico  era de 35 anos.

Um total de 7.363 mulheres (40%) com endometriose e 23.718 mulheres (66%) sem endometriose deram à luz a um bebê nascido vivo durante o período de acompanhamento. A taxa de incidência de primeiros bebês nascidos vivos entre mulheres com endometriose foi a metade daquela das mulheres sem a doença (0,51%).

Quando analisada de acordo com a década de nascimento das mulheres, entre 1940 e 1970, a taxa de natalidade diminuiu em ambos os grupos de mulheres. É importante ressaltar que, ao longo das décadas, foi observada uma taxa cada vez mais baixa de primeiros bebês nascidos vivos em mulheres com a doença, em comparação com mulheres sem a doença.

Nas mulheres nascidas entre 1940-1949, a diferença nas taxas de nascidos vivos entre os dois grupos era de 28% antes da endometriose diagnosticada, mas esta diferença aumentou continuamente para 87% em 1970-1979.

Os pesquisadores finlandeses presumem que isso está associado à idade mais avançada das mulheres quando têm o primeiro filho, ao diagnóstico cirúrgico mais precoce da endometriose e ao acúmulo de efeitos adversos da endometriose em mulheres afetadas pela doença.

“O número de filhos que as mulheres tiveram antes do diagnóstico de endometriose foi de 1,93 e 2,16 para mulheres sem endometriose. O possível efeito da endometriose no número desejado de crianças destaca a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da doença”, defende Ana Elisabete Dutra.

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